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Crucified Barbara em SP

Devido ao feriado prolongado a cidade de São Paulo costuma ficar vazia e, dessa vez, não foi diferente. Porém, a casa de shows Inferno estava cheia das boas - ou más - intenções (como preferirem). Enquanto muitos optaram em sair da cidade em busca de tranqüilidade, uma fila de camisetas pretas se formava no sentido oposto rumo ao caos.

Para dar inicio a essa odisséia de possibilidades inigualáveis, as goianas da banda Girlie Hell foram as responsáveis pelo aquecimento de um público ansioso por riffs poderosos.

Exalando muita disposição de estarem naquele palco, Bullas Attekita (vocal e guitarra), Julia Stoppa (guitarra), Fernanda Simmonds (baixo) e Carol Pasquali (bateria) fizeram uma apresentação curta, porém, intensa. O show de aproximadamente trinta minutos deixou seu cartão de visita em execuções autorais somada a uma boa presença de palco que agradou mesmo quem não as conhecia.

A seqüência visceral dessa noite pauleira ficou por conta da banda paulista Sioux 66. Com a intensidade de quem não teria muito tempo para deixar uma boa impressão, a banda formada por Igor Godoi (vocal), Fabio Bonnies (baixo), Fernando Mika (guitarra), Bento Mello (guitarra) e Gabriel Haddad (bateria); foi direto ao ponto com os dois pés na porta.

Com músicas autorais escritas em português, a banda mostrou um repertório de influências diversificadas que ao vivo deram liga e encorparam uma personalidade autêntica com muita gasolina para ser queimada em uma longa estrada pela frente. Apesar que ao ouvir a execução de "Jack n' me", no comecinho, pensei: É Motorhead!

Que o Rock nacional se fortaleça com essas influências muito bem apresentadas.

Após aquecer devidamente os ouvidos com duas aberturas certeiras, chegou a hora tão aguardada da noite. Ao termino da apresentação do Sioux 66, o DJ lança a deixa para anunciar o que estava por vir e "Girls Girls Girls" do Motley Crue se torna sugestivo e apropriado para a ocasião.

Finalmente! Depois de muita espera para deixarem o palco arrumado, as luzes se apagam e Nicki Wicked (baterista) é a primeira a entrar no palco e acenar com as baquetas para o alto. Seguida rapidamente por Klara Force (guitarra), Mia Coldheart (vocal e guitarra) e Ida Evileye (baixo).

A atmosfera de euforia toma conta e "The Crucifier" é a primeira pedrada da noite arremessada pelas suecas. A segunda foi "Play me hard", do primeiro álbum delas, que turbinou a rotação inicial de um show que teve uma seqüência de muita intensidade e troca de energia entre banda e público.

Na seqüência foi só porrada para sangrar o ouvido, "Rock me like the devil", "Bad Hangover", "Shout your mouth" e uma tranqüilizada de leve com "Jennyfer", pois a Nicki Wicked tava muito na pegada de descer a mão em "Pain & Pleasure" antes de fazerem uma breve pausa para reabastecer o gás para pisarem ainda mais fundo e irem muito além de um show previsível.

Apenas a Ida Evileye, sendo muito aclamada, volta sozinha para o palco e começa a introduzir em seu baixo o que viria a ser "Rules and Bones" e a entrega de palco de todas elas passa a ser bem maior depois desse breve intervalo. Com direito a "Into the fire" e "Sex Action" quebrando tudo em uma explosão de peso, riffs e a Mia Coldheart rasgando a voz.

Talvez, a surpresa tenha sido em "Killed by death"(cover do Motorhead) pelo fato de a Klara Force ter assumido muito bem o vocal nessa execução. Outro fator positivo, é o de elas usarem o improviso das músicas como forma de potencializar ainda mais a performance do show, e não simplesmente tocarem as músicas igual as gravações de estúdio.

O fim parecia estar próximo em "Losing the game". Antes de começarem a tocar essa, Ida agradeceu a oportunidade de estar ali e de ter realizado o sonho antigo da banda de realizar uma turnê no Brasil. Esse som foi cantado pelo público como se o show nunca mais fosse terminar.

A banda sai do palco e as pessoas caem na real de que só resta o bis e de que o fim, infelizmente, se aproxima. Klara Force volta sozinha, senta no degrau da bateria e começa a dedilhar "Count me in" para completar o clima de despedida.

Entretanto, para fechar bem esse show nada melhor do que deixar lembranças de impacto como a "Rock'n'roll Bachelor" e encerrar com a baixista fazendo backing vocal olhando para mim na parte que diz, "the evil eye is watching you...", em "In distortion we trust". Nada poderia combinar melhor.

Tomara que elas tenham quebrado todos os ossos da cara de quem as subestimou por serem mulheres, bonitas ou algo assim. Afinal, em distorção eu confio.

Enviado por Rodrigo Fernandes


15/11/2012 - Inferno Club - São Paulo/SP
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